o início.
pandemia, Rio de Janeiro, início de 2020. eu tinha acabado o ensino médio em dezembro do ano anterior, e depois de um carnaval caótico e uma paralização mundial lá estava eu de volta ao meu dilema pessoal: o que caralhos eu ia fazer da minha vida? com 18 anos é de se esperar que você já saiba como vão ser os seus próximos 70 anos de vida, certo? porque essa é a decisão que somos obrigados a tomar.
ok, eu tinha uma ideia na cabeça durante os 3 anos passados: fazer psicologia ou RI. eu sou boa em comunicação, linguagens e análises, é o caminho certo. mas, eu realmente quero isso? minha família é muito diferente de mim, fui criada num ambiente onde todos buscam segurança, estabilidade e rotina. essas são as minhas prioridades?
bom, depois de 3 meses estudando para o vestibular eu percebi que as respostas de todas essas perguntas era não. eu definitivamente não quero isso. covid vai, covid vem, peguei também. isolada até da minha família, no meu quarto, eu enlouqueci. até que certo dia depois de uma série maratonada, uma live no instagram e 7 testes vocacionais na internet, algo surgiu na minha mente (uma saída?). e foi esse o momento que mudou minha vida.
tranquei a porta do quarto, sentei no chão, respirei fundo e limpei minha mente de todas as concepções e preconceitos que eu poderia ter e me esforcei para imaginar um futuro 10 anos à frente. o que eu estaria fazendo? onde? com quem? o que eu verdadeiramente gostaria de estar produzindo naquele momento? a imagem que surgiu na escuridão da minha mente me surpreendeu.
eu me vi dentro de um studio fotográfico dirigindo um set de uma campanha de moda. criando. liderando. foi a última coisa que eu poderia ter imaginado nos meus 18 longos anos de vida. e era isso, me deu prazer. esse foi o instante em que eu percebi (ou aceitei) que eu preciso ser criativa para me sentir plena, que eu preciso trabalhar criando, tendo liberdade, construindo ideias, isso é quem eu sou. as minhas criações fazem parte de mim e me motivam a levantar da cama todos os dias. agora, isso estava na minha zona de conforto? não.
eu fui criada em um contexto completamente diferente desse, e talvez por isso, nunca tinha cogitado viver diferente, mas isso estava dentro de mim de alguma forma. um dos meus valores mais fundamentados é o de buscar a minha felicidade e o meu propósito. o propósito sempre foi uma questão muita séria para mim, eu não conseguiria viver sem ser apaixonada pela vida, sem enxergar beleza nela. então, para mim, era fora de cogitação fazer algo que não me trouxesse realização e plenitude. a inércia sempre foi o meu pavor. é claro que, viver da moda em um país como o Brasil, sendo alguém nascido fora desse círculo, não é o caminho mais fácil. a moda é, e devemos reconhecer isso, um dos cenários mais excludentes e elitistas que existe no mundo. mas para mim, é isso ou é isso.
no final do ano eu entrei no meu primeiro emprego, dentro de uma empresa da área, que já é bem estabelecida no mercado. eu vi o backstage dessa indústria, a parte desagradável, eu vi gente que não pensa em propósito ou valor - mas no lucro, e que passa por cima de outros para atingir isso. e devo dizer que, dinheiro é importante, é necessário, é muito bom, e deve ser levado em consideração sim, mas vale a pena viver só para ele? porque dentro do que eu acredito, eu queria viver através dele, graças à ele, mas não por ele. entende o meu ponto de vista? para mim sempre foi necessário um porquê. o dinheiro e o sucesso é a consequência de um trabalho bem feito e apaixonado, no meu ideal.
a calafatte surgiu em dezembro de 2020 em sua forma protótipo, sem grandes planejamentos ou investimentos. a calafatte simbolizou para mim o encontro do meu propósito, do meu valor, da minha paixão, e eu queria levar isso para outras pessoas através dela. de alguma forma, eu descobri qual era a minha verdade e eu senti (e sinto) a necessidade de dizer isso para as pessoas. vale a pena sair do seu estado de inércia, vale a pena se conhecer e gostar do que encontrar, vale a pena viver uma vida com paixão e alguns riscos medidos. os sonhos nos levam à algum lugar, eles tem uma finalidade, nada é em vão.
esse foi um ano complicado, de muitas transformações e rompimentos de ciclos, mas me trouxe significado. hoje eu vejo as fases mais confusas da vida com olhos diferentes, como uma preparação do que está por vir. tudo tem um propósito. e honestamente? fuck it. seja clichê e otimista. life is better 4 the people who believe in fairy tales.
com amor;
camila.
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